A Ferrari 365 GTB/4 é, indiscutivelmente, um dos carros mais emblemáticos da história automotiva, sendo frequentemente celebrada como o ápice dos grandes grand tourers italianos da década de 1970. Lançada em 1968 no Salão de Paris, consagrou-se pelo elegante desenho assinado por Leonardo Fioravanti, do estúdio Pininfarina. A Ferrari 365 GTB/4, também conhecida pelo apelido “Daytona”—embora este nunca tenha sido nome oficial da marca—, presta homenagem ao triunfo arrebatador da Ferrari nas 24 Horas de Daytona de 1967.
Com a chegada da Ferrari 365 GTB/4, a fabricante de Maranello reafirmava sua supremacia ao contrapor a ameaça dos esportivos norte-americanos, especialmente o Chevrolet Corvette e os modelos da Lamborghini. A estética agressiva, o longo capô e a traseira curta davam ao modelo uma presença inconfundível nas ruas e pistas, simbolizando inovação e tradição em perfeita harmonia. Por isso, a Ferrari 365 GTB/4 foi considerada, por anos, o carro de rua mais rápido do planeta.
No mercado, a Ferrari 365 GTB/4 teve uma trajetória marcada pelo prestígio e exclusividade. Foram produzidas pouco mais de 1.400 unidades entre 1968 e 1973, tornando-se hoje patrimônio dos maiores colecionadores do mundo. Cada exemplar da Ferrari 365 GTB/4 carrega consigo uma valorização constante, com preços que ultrapassam facilmente US$ 700 mil, a depender da originalidade e do estado de conservação.
Entre os muitos atrativos da Ferrari 365 GTB/4 estão o lendário motor V12, a robustez mecânica, o conforto para viagens longas e o estilo atemporal de sua carroceria. Ao longo de sua trajetória, a Ferrari 365 GTB/4 consolidou-se não apenas como um esportivo veloz, mas como um símbolo de status e tradição—uma referência definitiva no universo dos autênticos clássicos.
Ficha Técnica e Versões
A Ferrari 365 GTB/4 foi produzida em diferentes configurações ao longo de seu ciclo de vida. As principais versões são:
1. Ferrari 365 GTB/4 Coupé (Berlimetta)
- Versão lançada em 1968, com carroceria fechada e estilo cupê tradicional.
2. Ferrari 365 GTS/4 (Spider)
- A Ferrari atendeu a pedidos do mercado norte-americano e lançou, em 1969, uma versão conversível (Spider), produzida em quantidade significativamente menor (apenas 122 unidades).
Abaixo, apresentamos uma tabela técnica detalhada das versões mais notórias da Ferrari 365 GTB/4. Todos utilizavam o mesmo motor V12, mas com pequenas diferenças de acabamento e equipamentos opcionais dependendo do ano e do mercado de destino.
| Modelo | Ano Produção | Motor | Potência | Torque | Câmbio | 0-100 km/h | Vel máx | Consumo médio | Peso | Capacidade Porta-malas |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| 365 GTB/4 (Coupé) | 1968-1973 | 4.4L V12 (Tipo 251) | 352 cv | 44,3 kgfm (434 Nm) | Manual, 5 marchas | 5,6 s | 280 km/h | 5–7 km/l | 1.200 kg | Aproximadamente 270 litros |
| 365 GTS/4 (Spider) | 1969-1973 | 4.4L V12 (Tipo 251) | 352 cv | 44,3 kgfm (434 Nm) | Manual, 5 marchas | 5,8 s | 280 km/h | 5–7 km/l | 1.280 kg | Ligeiramente inferior ao Coupé (devido ao reforço) |
Notas técnicas:
- O motor Tipo 251 é um V12 naturalmente aspirado, com 4.390 cm³ de cilindrada, comando duplo no cabeçote (DOHC) e alimentação por seis carburadores Weber 40DCN/20.
- O câmbio manual de 5 marchas priorizava esportividade e durabilidade.
- O chassi usava estrutura tubular em aço com suspensão independente nas quatro rodas, freios a disco nas quatro rodas e diferencial autoblocante.
Versões Especiais
1. Competizione/Daytona Gr. IV
- Variações para corridas, produzidas em número limitadíssimo, com material aliviado, potência superior (aprox. 400 cv) e ajustes específicos para pista. Destacaram-se em Le Mans, Spa e outras corridas de endurance.
2. Modelos conversões independentes
- Algumas unidades foram convertidas de Coupé para Spider posteriormente por oficinas especializadas ou a pedido de clientes, mas essas alterações não têm a mesma valorização das originais.
Desempenho e Consumo
O desempenho da Ferrari 365 GTB/4 encanta até hoje entusiastas e especialistas em todo o mundo. O lendário motor V12 da Ferrari 365 GTB/4 entregava uma combinação rara de potência linear e torque abundante. Isso permitia aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 5,6 segundos, desempenho excepcional para a época.
A velocidade máxima da Ferrari 365 GTB/4 atingia impressionantes 280 km/h, garantindo seu status de carro de rua mais veloz do planeta até a chegada do Lamborghini Countach. A tração traseira e o sofisticado sistema de suspensão independente proporcionavam comportamento equilibrado em curvas de alta velocidade, tornando a condução tão empolgante quanto segura (dentro dos padrões de um clássico dos anos 70, antes dos adventos de eletrônica embarcada).
Quando se fala no consumo de combustível, a Ferrari 365 GTB/4 não é exatamente um exemplo de economia—afinal, trata-se de um V12 aspirado de quase 4,4 litros. O consumo real gira em torno de 5 a 7 km/l, dependendo do uso urbano ou rodoviário e das condições de manutenção.
Vantagens:
- Estilo atemporal: O design do Pininfarina é admirado até hoje.
- Desempenho de ponta: Para sua época, era referência em aceleração e velocidade máxima.
- Construção artesanal: Mecânica robusta, que permite restaurações e manutenções de alto padrão.
- Valorização constante: Raridade e desejo do mercado de clássicos garantem alta valorização.
Desvantagens:
- Consumo elevado: O rendimento é baixo por litro, típico dos V12 clássicos.
- Custo elevado de manutenção: Peças e serviços especializados podem ser caros.
- Dirigibilidade bruta: Ausência de assistências eletrônicas demanda atenção de quem dirige.
- Espaço limitado no porta-malas (sobre tudo na versão Spider).
Glossário Automotivo
- V12: Configuração de motor com 12 cilindros dispostos em dois bancos de 6 cilindros, formando um “V”. Motores V12 são conhecidos por suavidade e desempenho.
- Potência (cv): Unidade de medida da força do motor, o cavalo-vapor cv; 1 cv = 735,5 watts.
- Torque (Nm): Força rotacional gerada pelo motor; essencial para arrancadas e retomadas.
- Câmbio manual: Sistema de transmissão que exige troca manual das marchas, característico de carros esportivos clássicos da Ferrari.
- Suspensão independente: Sistema onde cada roda se move independente das demais, garantindo melhor aderência.
- Differencial autoblocante: Mecanismo que limita a diferença de rotação entre as rodas, melhorando a tração.
- DOHC (Duplo Comando no Cabeçote): Tipo de comando de válvulas que permite maior eficiência e desempenho ao motor.
- Grand Tourer (GT): Categoria de carros esportivos voltados ao conforto e desempenho em viagens longas.
- Spider: Terminologia italiana para designar modelos conversíveis.
Conclusão
A Ferrari 365 GTB/4 permanece como uma verdadeira lenda entre os clássicos esportivos mundiais. Com suas versões Coupé e Spider, representou o auge da engenharia italiana em desempenho, design e exclusividade na virada dos anos 1960 para os anos 1970. Apesar das desvantagens do consumo elevado e da manutenção trabalhosa, seu valor histórico, mecânica inspiradora e status de ícone atemporal fazem dela um sonho de consumo absoluto para os apaixonados por automóveis. A Ferrari 365 GTB/4 é, sem dúvida, um investimento emocional e financeiro, sendo hoje uma das estrelas mais reluzentes no universo dos colecionadores.
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