Ferrari 308 GTB/GTS é um dos modelos mais marcantes e desejados na história da fabricante italiana. Lançado em meados dos anos 1970, esse esportivo revolucionou o design e o desempenho da linha Ferrari, tornando-se símbolo de esportividade, classe e inovação. Seja na carroceria fechada (GTB) ou no clássico targa (GTS), a 308 conquistou entusiastas em todo o mundo, incluindo o Brasil.
O desenvolvimento da Ferrari 308 GTB/GTS veio em um período de transformação para a marca. Após o sucesso da Dino, a Ferrari sentiu necessidade de criar um novo esportivo compacto, que mantivesse o DNA da marca mas incorporasse novidades técnicas, como motor central-traseiro e design arrojado, assinado pela Pininfarina. A apresentação do modelo, no Salão de Paris de 1975 (GTB) e em 1977 (GTS), estabeleceu um novo padrão visual e esportivo.
No mercado, a Ferrari 308 GTB/GTS rapidamente se consolidou como um dos carros mais desejados de sua época. Mesmo hoje, décadas após o término de sua produção, colecionadores e apaixonados por carros clássicos buscam esses modelos pelas linhas atemporais e pela experiência de condução visceral. Além disso, a notoriedade mundial do 308 recebeu impulso por aparições em séries como “Magnum, P.I.”, na qual Tom Selleck desfilava a GTS vermelha pelas ilhas do Havaí.
Os principais atrativos do Ferrari 308 GTB/GTS estão no equilíbrio entre performance, charme italiano e relativa praticidade de uso – uma raridade dentre esportivos da época. Por manter preços acessíveis (em comparação a outros clássicos Ferrari) e ótima dirigibilidade, esse esportivo segue valorizado no mercado de colecionáveis, com manutenção mais simples do que se imagina e excelente oferta de peças e mão de obra especializada.
Ficha técnica e versões
A Ferrari 308 GTB/GTS contou com diversas versões e atualizações durante seus dez anos de produção (1975-1985). Veja a seguir a ficha técnica detalhada dos principais modelos:
| Modelo | Ano produção | Motor | Potência | Torque | Câmbio | 0-100 km/h | Vel. Máxima | Consumo médio | Peso (kg) |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| 308 GTB Vetroresina | 1975-1977 | 2.9 V8 (carburado) | 255 cv | 283 Nm | Manual, 5 marchas | 6,7 s | 252 km/h | 5-7 km/l | 1.090 |
| 308 GTB aço | 1977-1980 | 2.9 V8 (carburado) | 240 cv | 260 Nm | Manual, 5 marchas | 6,9 s | 246 km/h | 5-7 km/l | 1.210 |
| 308 GTS | 1977-1980 | 2.9 V8 (carburado) | 240 cv | 260 Nm | Manual, 5 marchas | 6,9 s | 246 km/h | 5-7 km/l | 1.230 |
| 308 GTBi | 1980-1983 | 2.9 V8 (injeção) | 214 cv | 260 Nm | Manual, 5 marchas | 7,9 s | 233 km/h | 6-8 km/l | 1.230 |
| 308 GTSi | 1980-1983 | 2.9 V8 (injeção) | 214 cv | 260 Nm | Manual, 5 marchas | 8,1 s | 233 km/h | 6-8 km/l | 1.260 |
| 308 Quattrovalvole GTB | 1982-1985 | 2.9 V8 (16V) | 240 cv | 260 Nm | Manual, 5 marchas | 6,5 s | 255 km/h | 6-8 km/l | 1.280 |
| 308 Quattrovalvole GTS | 1982-1985 | 2.9 V8 (16V) | 240 cv | 260 Nm | Manual, 5 marchas | 6,7 s | 255 km/h | 6-8 km/l | 1.300 |
Valores médios, dependendo da versão e do uso.
Explicação das versões
- 308 GTB Vetroresina (1975-1977): Primeira aparição do modelo, com carroceria em fibra de vidro (Vetroresina em italiano). O baixo peso proporciona excelente desempenho, sendo a versão mais cobiçada pelos colecionadores.
- 308 GTB aço (1977-1980): Após cerca de 808 unidades “vetroresina”, a carroceria passou a ser feita de aço, aumentando o peso, mas mantendo o conjunto mecânico inicial.
- 308 GTS (1977-1980): Versão targa da GTB, inspirada nas Ferrari targa do passado, destaca-se pela removibilidade de parte do teto. Tornou-se famosa mundialmente na série “Magnum, P.I.”.
- 308 GTBi/GTSi (1980-1983): Para atender normas de emissões mais rigorosas, o motor passou a contar com injeção eletrônica Bosch K-Jetronic, com menor potência máxima (214 cv), mas maior civilidade no uso diário.
- 308 Quattrovalvole GTB/GTS (1982-1985): Última evolução, com cabeçotes de 4 válvulas por cilindro, devolvendo a potência (240 cv) e tornando a dirigibilidade ainda melhor. Reconhecida como a versão mais refinada da família 308.
Desempenho e consumo
O desempenho da Ferrari 308 GTB/GTS foi um dos grandes marcos entre os esportivos dos anos 70 e 80. Seu motor V8 central-traseiro de 2.9 litros, com comando duplo no cabeçote, permitiu acelerações de 0 a 100 km/h em torno de 6,5 a 8 segundos, dependendo da versão e alimentação do motor. A velocidade máxima também impressionava para a época, ultrapassando os 250 km/h nas versões mais potentes.
A dirigibilidade é um dos principais destaques, com distribuição de peso excelente (graças ao motor central), respostas precisas ao volante e suspensão independente nas quatro rodas. A tradicional caixa manual de 5 marchas tem engates firmes, proporcionando conexão direta com o carro.
O consumo, típico dos esportivos desta época, varia entre 5 e 8 km/l dependendo da versão, ritmo de condução e manutenção. As versões com injeção eletrônica (GTBi/GTSi e Quattrovalvole) apresentam ligeira melhora no consumo em relação às anteriores carburadas, graças à melhor eficiência da alimentação, embora a diferença seja pequena perante motores modernos.
Vantagens do Ferrari 308 GTB/GTS:
- Design icônico da Pininfarina, ainda atual.
- Motor V8 de som inconfundível e acelerações entusiasmantes.
- Versatilidade: opções com teto rígido (GTB) ou targa (GTS).
- Manutenção viável (para um Ferrari antigo).
- Ótima dirigibilidade e prazer ao dirigir.
Desvantagens:
- Potência inferior aos esportivos atuais (e até mesmo aos Ferrari posteriores).
- Espaço interno limitado e ergonomia pouco adaptável para pessoas altas.
- Consumo relativamente alto e alguns custos de manutenção típicos de esportivos clássicos.
- Exige cuidados com corrosão (especialmente versões em aço) e atenção às revisões dos sistemas de alimentação e ignição.
Outras informações relevantes
- O Ferrari 308 GTB/GTS utiliza freios a disco ventilados nas quatro rodas, o que já era avançado na época.
- O design do painel é clássico, com instrumentos analógicos e poucos controles secundários. A posição baixa de dirigir aproxima o motorista do espírito das pistas.
- As rodas originais são de 14″, com pneus de perfil esportivo.
- O modelo ganhou relevância na cultura pop devido ao seriado de TV “Magnum, P.I.”, aumentando demanda por exemplares vermelhos, especialmente GTS.
- Foi substituído em 1985 pelo Ferrari 328, que evoluía o conceito da 308.
- O valor de mercado dobrou nos últimos dez anos, com raridades como a versão “Vetroresina” valendo ainda mais.
- No Brasil, a Ferrari 308 GTB/GTS é relativamente rara, sendo vista em encontros de colecionadores, museus e eventos especializados.
Conclusão: O legado da Ferrari 308 GTB/GTS
Em resumo, a Ferrari 308 GTB/GTS permanece como um dos esportivos mais emblemáticos da história da fabricante italiana, reunindo design atemporal, desempenho entusiasmante e uma experiência de direção pura. Seja pela exclusividade, pela tradição ou pela bela silhueta desenhada pela Pininfarina, o modelo continua despertando paixões e colecionadores por todo o mundo. Se você busca um clássico que alia história, fácil manutenção (relativa) e dirigibilidade marcante, a Ferrari 308 GTB/GTS é uma escolha que nunca perde seu lugar de destaque no universo automotivo.
Glossário automotivo
- GTB (Gran Turismo Berlinetta): Coupé com teto rígido e duas portas.
- GTS (Gran Turismo Spider): Targa, cupê esportivo com teto removível.
- Vetroresina: Fibra de vidro, material leve utilizado nas primeiras carrocerias.
- Torque (nm): Força de rotação do motor. Veja mais.
- Cavalos-vapor (cv): Unidade de potência utilizada para motores veja mais.
- Targa: Chassi parcialmente conversível, com remoção do teto central.
- Quattrovalvole: Cabeçote com quatro válvulas por cilindro, mais eficiente.
- Câmbio manual: Caixa de marchas operada pelo motorista, comum em esportivos clássicos.
- Injeção eletrônica: Sistema eletrônico de alimentação de combustível, mais eficiente que carburador.
- Carburador: Equipamento mecânico para alimentação de combustível no motor, comum até a década de 1980.
Ferrari 308 GTB/GTS, com sua rica história e atrativos únicos, segue sendo um ícone da engenharia e design automotivo mundial.
